A Dieta de South Beach

12-01-2012 21:34

Pelas leis da física, o trabalho realizado por um dado corpo tende a ser o mínimo possível. Os seres humanos aprenderam muito bem essa lei, até inconscientemente. As dietas preconizadas em revistas ditas especializadas e até em livros famosos reproduzem muito essa "preguiça" que os seres humanos têm de trabalhar arduamente para conseguir algo, sempre buscando o caminho mais fácil, que normalmente é o menos rentável.

Não sou muito fã de dietas prescritas como receitas de bolo: simplesmente é dado um papel contendo os alimentos a serem ingeridos, algumas substituições e pronto, a dieta está feita! Às vezes nem o peso é medido, quem dirá o percentual de gordura, nível de atividade física, histórico familiar, etc. Eu entendo até certo ponto o problema em se criar uma ideia nova, e criar milhares de variações que não caberiam em um livro, para ser botada em prática. As pessoas desejam algo fácil, e normalmente os criadores das dietas ficam presos a isso.

A Dieta de South Beach foi idealizada por um médico americano, Arthur Agatston, M.D., depois que seus pacientes seguiam as dietas prescritas pela Associação Americana de Cardiologia, que receitava baixa gordura e alto carboidrato. Os pacientes, nessa dieta, tinham melhoras discretas, mas logo recuperavam todo o peso. Continuavam apresentando problemas sanguíneos como colesterol elevado, triglicerídeos em alta concentração e diabetes ou resistência à insulina.

A leitura do livro é muito agradável e bastante informativa. O livro tem por volta de 250 páginas, mas quase metade delas é composta por receitas para ajudar na montagem de um cardápio. Para quem não está interessado nas receitas, a leitura é realmente bem rápida e bastante instrutiva.

É muito fácil ler algo com que você concorda. O difícil é ler e raciocinar sobre algo com que você não concorda. Por esse mesmo motivo que gosto de ler todos os tipos de dietas famosas, para assim extrair os elementos bons e criticar as possíveis falhas. Na Dieta de South Beach, não foi diferente. Existem pontos excelentes e pontos com os quais eu discordo.

O livro destoa de grande parte das dietas consideradas "milagrosas", justamente por que o autor tenta explicar de uma maneira sucinta os pontos de sua dieta, sempre se apoiando no conhecimento científico e em fatos sedimentados por pesquisas. Além de simplesmente apresentar a dieta, o autor demonstra também os motivos para seguí-la.

Em poucas palavras, a dieta de South Beach é dividida em três fases:

Na primeira fase, é proibido o consumo de carboidratos como cenoura, pães de qualquer tipo, massas, batatas e outros vegetais de índice glicêmico elevado. Frituras devem ser evitadas e logicamente, guloseimas recheadas de açúcar. Essa fase tem duração máxima de duas semanas, e é considerada a fase crítica, mais trabalhosa, da dieta. Todas as frutas devem ser riscadas da dieta.
Na segunda fase, é permitido o consumo de carboidratos de baixo índice glicêmico, com alto teor de fibras ou aliado a um consumo de gorduras insaturadas, principalmente azeite de oliva. Alguns vegetais podem ser consumidos, como batata-doce e outros de baixo índice glicêmico. Essa fase tem duração de até seis meses, dependendo dos resultados.
A terceira fase é composta basicamente de uma dieta normal, sem restrição à maioria dos alimentos. Apesar disso, não é permitido abusar nas guloseimas, refrigerantes, frituras e outros alimentos sabidamente prejudiciais.

Como dito, eu realmente gostei muito da parte teórica da dieta. O autor explica bem os motivos pelos quais essa dieta funciona, apesar de ele não apresentar estudos científicos corroborando essa hipótese. O fato é que, de acordo com seus dados, ela funciona perfeitamente.

Não sou muito fã de dietas radicais e, apesar de essa ser um pouco menos, ainda se mantém impraticável por muitas pessoas. A base alimentar do brasileiro é pão, arroz, feijão e outros alimentos contendo carboidrato. É muito difícil retirá-los de um cardápio alimentar e ter ainda uma aceitação do paciente. Além disso, frutas não devem ser consumidas de maneira alguma na primeira fase, o que acho um exagero.

A dieta preconiza um consumo elevado de proteínas de origem animal, de derivados de leite e um consumo moderado de gorduras, tanto saturadas quanto insaturadas. Apesar de parecer um pouco ilógico, essa metodologia funciona para a perda de peso, com consequências boas para o sangue, como redução de colesterol total, redução do LDL (o mau colesterol), redução de triglicerídeos e da glicemia.

Um ponto chave presente na dieta é a análise constante do índice glicêmico dos alimentos. Para os alimentos, essa é principal característica que deve ser avaliada, de acordo com o autor. Vamos revisar um pouco sobre esse conceito:

O índice glicêmico é uma medida da velocidade com que a glicemia do sangue aumenta. Em outras palavras, mede a velocidade com que a glicose entra no sangue, depois de consumido determinado alimento. Alimentos com alto índice glicêmico apresentam uma alta taxa de carboidratos simples em sua composição, ou são extremamente processados e de facílima absorção.

Uma súbita alta na glicemia é prejudicial pois desencadeia a liberação de um hormônio chave no metabolismo: a insulina. Este hormônio controla o transporte de substâncias como glicose, aminoácidos e ácidos graxos do sangue para os tecidos. Quando há um pico de insulina no sangue, os transportadores nas células se abrem e glicose, aminoácidos e ácidos graxos são exportados do sangue para os tecidos.

Se esse pico de insulina for realmente elevado, ele provocará uma baixa tão intensa na glicemia sanguínea, uma redução da glicose no sangue tão extrema, que o organismo responderá da seguinte forma: "Estou com glicose baixa no sangue, preciso comer." Assim, instala-se um círculo vicioso que só se repetirá, se o consumo de alimentos com alto índice glicêmico se mantiver. É por isso que refeições com guloseimas, açúcar, refrigerantes e etc. parecem que dão mais fome, justamente devido à resposta fisiológica que é estabelecida após a refeição.

Uma das estratégias para se reduzir o índice glicêmico total de uma refeição é incluir cereais, grãos integrais, fibras em geral, gorduras insaturadas, como o azeite de oliva e outros alimentos de difícil processamento. O organismo irá processar os alimentos de uma maneira mais lenta, e portanto a absorção será também lenta, diminuindo a velocidade com que a glicemia do sangue aumenta.

Um ponto que gosto de frisar em toda dieta é que, para ser bem feita e de boa aceitação, ela deve respeitar ao máximo o hábito alimentar dos indivíduos. No caso da dieta de South Beach, algumas alterações radicais devem ser feitas, por períodos relativamente longos, o que pode espantar alguns indivíduos. O fato é que sem esforço, nenhuma dieta obterá sucesso. Se você se sente preparado para seguir a dieta de South Beach, ótimo!

Vale ressaltar que a dieta de South Beach, na minha opinião, só deve ser feita por indivíduos que realmente tem um nível de obesidade elevado, apresentando um IMC muito alto. Gosto de considerá-la como emergencial, pelo radicalismo das características da dieta. Se você está um pouco acima do peso, digamos, cinco quilos, não faça essa dieta. Pare de ser preguiçoso e ajuste sua alimentação, pratique exercícios físicos, inclusive exercícios de peso, e seu peso se ajustará em breve.

Para indivíduos praticantes de atividade física, maratonistas, malhadores, nadadores e etc. essa dieta nunca deve ser seguida. Ela retira carboidratos por um tempo demasiado, que causa letargia, perda de energia, flacidez muscular, tonturas e outras situações indesejadas para um praticante de atividade física. Pode-se até reduzir os carboidratos ou fazer um ciclo de consumo, (3 dias, reduzindo-se 1/3 no primeiro, 2/3 no segundo e comendo normalmente no terceiro) mas a total ausência pode ser perigosa e reduzir o metabolismo, facilitando o armazenamento de gordura.

A Dieta de South Beach é bastante interessante e apresenta vários fatores que a tornam uma dieta que teoricamente dará bons resultados. Ela foi receitada por um cardiologista, portanto é garantido que você obterá uma melhora no nível de colesterol, LDL, triglicerídeos totais e outros fatores sanguíneos relacionados a problemas cardiovasculares. Há uma perda de peso acentuada, podendo chegar a até 20kg dependendo da disciplina do indivíduo. O problema é que o cardápio do brasileiro destoa muito da dieta prescrita pelo autor, sendo de difícil aceitação para a maioria das pessoas. A dieta apresenta também um certo radicalismo em relação aos carboidratos, espantosamente em relação a frutas. No mais, é uma leitura bastante informativa e extremamente interessante.

fonte: https://bigmonstro.big-forum.net/t631-a-dieta-de-south-beach

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